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Os primeiros registros de casos de lepra no mundo datam de cerca
de 600 a.C. Durante os séculos que separam essa data até meados do século 20,
a história da hanseníase, tal como é chamada a doença hoje, é uma história
de segregação, confinamento e preconceito. ▶
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Na Europa da Idade Média, os doentes andavam com sinetas para “alertar”
os outros de sua presença. Os primeiros leprosários surgiram nessa época.
Parte dessa conduta de mais de dois mil e quinhentos anos deve-se ao avanço
vagaroso da ciência, e parte ao imaginário negativo associado ao portador
do mal de Hansen. Imaginário propagado, inclusive, pela própria Igreja Católica. ▶
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No Brasil, a criação de locais de internação compulsória torna-se efetivamente
uma política de saúde pública durante a década de 1940. É nesse contexto
que se insere o Hospital Colônia Itapuã.
Essa colônia agrícola tinha como principal objetivo separar os doentes
do resto do mundo, em um cenário idílico e auto-suficiente que contava
com moeda própria, horta, padaria, igrejas, atividades de lazer
e tratamento médico para os residentes. ▶
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Ainda que o isolamento compulsório tenha sido eliminado por lei em 1954,
e que algumas crenças em relação ao contágio já tivessem sido derrubadas
pela medicina, o Hospital Colônia de Itapuã continuou recebendo
novos residentes até os anos 1970.
Foi também nessa época que uma parte ociosa do hospital foi transformada
em unidade agrícola de reabilitação psicológica para egressos do Hospital Psiquiátrico São Pedro. ▶
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Filhos saudáveis foram separados de pais doentes. E aqueles que nasciam
dentro da colônia eram prontamente encaminhados ao Amparo Santa Cruz,
de onde vinham aos domingos para uma visita rápida. Nessas ocasiões,
o contato físico não era permitido.
JAIR FERREIRA
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1970), especialização em
Saúde Pública Para Médicos pela Universidade de São Paulo(1973), especialização em Dermatologia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (residência medica - 1972) e doutorado em Clínica
Médica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1999). Foi coordenador do programa de
Hanseníase do Rio Grande do Sul de 1974-1990, e prestou consultoria sobre a hanseníase para a
OMS, Organização Panamericana de Saúde e Ministério da Saúde do Brasil. Atualmente é professor
associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
LETICIA EIDT
Médica dermatologista, Especialista em Hansenologia pela Sociedade Brasileira de Hansenologia.
É também Mestre em Educação pela PUC-RS e Preceptora do Programa de Residências Integradas
em Saúde da Escola de Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul.
Correio do Povo | 12.05.1940
Correio do Povo | 12.05.1940
Correio do Povo | 12.05.1940
Correio do Povo | 12.05.1940
Correio do Povo | 12.05.1940
Hanseníase é uma doença infecto-contagiosa,
de evolução lenta, que se manifesta principalmente através
de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele
e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos
e pés. O comprometimento dos nervos periféricos é a
característica principal da doença, dando-lhe um grande
potencial para provocar incapacidades físicas que podem,
inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades
e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais
como diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida
social e problemas psicológicos. São responsáveis, também,
pelo estigma e preconceito contra a doença. Por isso mesmo
ratifica-se que a hanseníase é doença curável, e quanto
mais precocemente diagnostica e tratada mais rapidamente se cura o paciente.